Tendo sido editado originalmente em 2015, o terceiro álbum do quarteto polaco Trupa Trupa estaria condenado à quase irrelevância mediática não fora Sasha Frere-Jones – o ex-músico dos UI e, actualmente, conceituado cronista musical do Los Angeles Times – ter-se cruzado com ele e elevado o grupo à categoria de um dos melhores exemplares actuais do que é fazer música rock relevante.

Com esta importante ajuda, naturalmente que muitas atenções (e ouvidos) se voltaram para «Headache» e confirmaram haver boas razões para tanta excitação por parte daquele crítico, levando agora a editora Ici D’Ailleurs a apostar numa remasterização e reedição do álbum.

Formalmente parece aqui nada haver de novo, dada a escolha tradicional de instrumentos. Mas a frescura chega quando se atenta nos jogos de alternância rítmico-melódicos entre uma voz que surge ora distante e aparentemente indiferente, ora visceral e diacrónica, em teclados suspensos e hipnóticos à boa maneira do psicadelismo, ou em guitarras que tanto insinuam a ligeireza electrizante e estética lo-fi de uns Pavement como a densidade texturada do rock de garagem. Tudo suportado com competência por batidas sincopadas que fazem a gestão de silêncios e tensões com mestria.

«Headache» é, assim, um compêndio rock que concentra em si tudo o que de melhor foi feito dos anos ’90 até agora e explode em diversas direcções com estrondo, projectando os Trupa Trupa para a condição de grupo que não queremos perder de vista e aumentando exponencialmente a expectativa em torno de um novo álbum, que deverá ver a luz do dia logo no arranque de 2017.

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